É Portugal Opah!!

22 de fevereiro de 2012


Essa é da primeira vez que fui, O Porto, mas a foto é tão legal que vai de novo

Desembarquei em Lisboa relativamente tarde, minha maior preocupação era com a Ana, do CouchSurfing, que me hospedaria. Após várias mensagens e ligações, cheguei ao seu apartamento no Cais do Sodré, uma vizinhança que eu já percebi ser bastante animada e bastante central. Conversamos pouco naquela noite, mas de cara percebi que a Ana era muito engraçada.

A Ana trabalhava como restauradora do patrimônio português, conversamos muito sobre a influência do Brasil na cultura portuguesa e fiquei feliz em saber que pelo menos as novelas não são mais tão frequentes; ela, porém, mostrava-se indignada com relação ao acordo ortográfico, ao qual se referia como a brasileirização oficial da língua portuguesa.

No dia seguinte, fui logo cedo tratar da minha documentação e com muita sorte consegui deixa-la pronta para o final daquele mesmo dia, e enquanto aguardava, marquei um encontro com o Fabrício, aquele maluco que conheci no Marrocos (mais aqui) e que vivia em Lisboa. Demos uma volta pelo bairro alto e depois pela Alfama.




Na sequência fui pegar o meu documento, que emoção! Apartir daquele momento eu era Português, e com isso, além da imediata vantagem de poder viver na Europa, eu poderia tirar o passaporte e com ele, entrar em vários países que são muito mais difíceis de entrar como brasileiro, entre eles, o Japão, o país número um da minha lista de desejos.

Voltei para o apartamento da Ana, de onde iríamos para uma balada. Iniciamos com algumas bebidas antes de sair e seguimos para um clube muito louco que ficava bem ao lado de sua casa. Foi conosco também a sua companheira de apartamento da Romênia, que era uma figura, muito divertida e desastrada, o que garantiu risadas a noite inteira.

No dia seguinte, o plano era acordar cedo para tirar o passaporte, mas isso não aconteceu, acordei bem tarde e fui tratar de tirar o passaporte que, devido ao horário, ficaria pronto apenas na segunda-feira, o que não seria um problema.

Marquei naquela tarde um encontro com a Sofia, minha prima da Ilha da Madeira, com a qual tomei um café. Ainda que não tenhamos superado aquela formalidade de recém-apresentados, temos muito em comum e a conversa fluía variada. O papo estava tão bom que saí atrasado para encontrar a Teresa, do CouchSurfing que me hospedaria naquela noite. Antes de encontra-la, corri para o apartamento da Ana para pegar minha bagagem, a Ana não estava e saí sem me despedir dela, uma pena, ainda mais por que dei um bolo na festa daquela noite.

Fui encontrar a Teresa na estação próxima de sua casa, já sabia que nos daríamos bem mesmo antes de encontrá-la, a lista de coisas que tínhamos em comum era numerosa, mas basta citar que ela estuda Farmácia e curte os mesmos estilos de música que eu. Quando nos encontramos, parecia que já nos conhecíamos dada a forma que conversávamos e interagíamos. Filha de um casal de aventureiros alemães, viajou de bicicleta por centenas de quilômetros quando tinha 12 anos acompanhada pelos pais, uma loucura.

Deixamos minha bagagem em seu apartamento e voltamos com pressa ao encontro de sua irmã na estação, iríamos na sequência para Sintra onde elas tocariam violino em um bar (sim, esqueci de citar que ela é violinista). Elas já pediam desculpas antecipadas pois tocariam sem ensaio, sem partituras e sem saber o que sairia. Apesar do aviso, a apresentação seguiu sublime, empurrada pela energia e empolgação do colega delas que tocava Violoncelo.

A banda

As irmãs Lemmer, Veronika e Teresa



Voltamos para o apartamento e ficamos de papo por altas horas até que o sono venceu.

Infelizmente minha estada com ela se resumiria àquela noite, pois no dia seguinte ela precisava voltar para o Alentejo onde ficaria estudando a semana para a prova de Química Farmacêutica (QF dos infernos). Na verdade, por pouco não fui com ela para o Alentejo, os pais dela eram o tipo de aventureiros com os quais se pode aprender lições valiosas. Ela também ficou tentada a seguir viagem comigo para Barcelona, que faríamos por HitchHiking mas, dada a prova, não iria rolar. Assim, não restava alternativa senão uma amarga despedida com a sensação de que ficou faltando algo.

Segui então para Estoril, onde fui hospedado pela Mimi, uma americana do CouchSurfing que vivia em Portugal trabalhando para uma família de ricaços brasileiros como educadora da filha deles, portadora de autismo.


Já de cara, percebi na sala da Mimi vários objetos relacionados ao Ayrton Senna. Ela era fã doente dele, e com ela assisti ao documentário de sua vida. Entendi por fim o motivo de toda a adoração pois eu, ainda criança na época em que ele morreu, mal lembrava das suas conquistas.

No dia seguinte, fui com a Mimi a uma churrascaria brasileira. A caminhada até Cascais foi marcada pela fome imensa, mas quando finalmente chegamos, eu me acabei com aquela maravilhosa refeição, cheia de pratos típicos como feijoada, pão de queijo e, claro, muita carne e coração de galinha, coisas que eu não comia desde que saí do Brasil há 9 meses.

No dia seguinte fui ao aeroporto pegar o meu passaporte (que emoção) e voltei correndo para Estoril para me despedir da Mimi, pegar minha bagagem e voltar para Lisboa. Estava super atrasado, mas não pude deixar de ir visitar um grande amigo, o Thomas, em seu restaurante. Foi uma pena que não pude dar muito mais do que um alô e um abraço, mas foi ótimo rever essa grande figura. Saí correndo para a rodoviária de onde peguei um ônibus para Barcelona, cidade que saia o meu voo de volta para a Suécia.

Neve na Espanha??

Foi uma viagem de 17 horas, estava destruído, mas foi legal encontrar a Marija, uma sérvia muito legal que conheci em Istambul (mais aqui) e com a qual continuava a me corresponder, ela topou me hospedar naqueles dias até o meu voo.

Como eu já conhecia muito de Barcelona, focamos a estada mais em comer, beber e descansar. Demos algumas caminhadas pela praia e encontramos também a Eva, a amiga que a acompanhava em Istambul. O momento mais surreal foi ter encontrado uma das Britânicas que conheci na Grécia com as quais viajei até a Itália (mais aqui e aqui).



No aeroporto, a surpresa, eu não poderia embarcar para a Suécia caso não tivesse uma passagem de volta comprada, isso porque eu estava usando o passaporte brasileiro, mostrei o ID Português, a atendente abriu um sorriso e, assim, segui viagem para a Suécia (a primeira vez que a cidadania portuguesa me foi útil).

4 comentários:

Anônimo disse...

As fotos da Teresa estão bem giras, um dia voltas a Portugal...

(Irene, colega de casa da Teresa)

Anônimo disse...

A teresinha..*.* Serás sempre bem vindo ca a casa e obrigada plas moedinhas mais uma vez!=) bj*
Colega da teresa, Joana

Bruno Teixeira disse...

Olá Irene, obrigado pelo comentário! Se eu não voltar a Portugal, serei eternamente frustrado. :p


Joana, eu que agradeço pelas boas vindas! Ainda volto sim, gostaria de o quanto antes :D

Beijos

milena Pereira disse...

Algo me diz que lá para a frente no relato ainda haveremos de voltar a ver a Teresa e o violino...
A forma como escreve é deliciosa. O seu bom-humor ilumina o texto de um modo sublime!
É uma honra saber que estou algures num "pontinho" da sua aventura! Eu e o grupo coral "Vozes de Grândola";) Boa sorte!

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